Premiada Companhia Delas de Teatro estreia infantil Mary e Os Monstros Marinhos, com direção de Rhena de Faria, no Sesc Pompeia

De família pobre e sem educação formal, Mary Anning começou a trabalhar com apenas 12 anos, sobreviveu a tempestades e enfrentou perigosos deslizamentos de terra para fazer grandes descobertas científicas. Ela estudou anatomia dissecando répteis em sua cozinha e, assim, foi capaz de remontar o primeiro esqueleto de um ictiossauro (um gigante monstro marinho da época dos dinossauros). Sua história, até então difundida apenas no meio acadêmico, ganhará os palcos no espetáculo infantil Mary e Os Monstros Marinhos, da Companhia Delas de Teatro, que estreia no dia 30 de junho no Sesc Pompeia, onde fica em cartaz até 29 de julho.

Em uma busca rápida no Google por “cientistas importantes”, os mais citados são Albert Einstein, Isaac Newton, Charles Darwin, Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Antoine Laurent Lavoisier, entre outros homens. Nosso imaginário coletivo reflete e reforça a presença feminina quase inexistente na ciência.

Mas não é bem assim. Em uma busca um pouco mais apurada, encontraremos figuras como Marie Curie, Rita Levi-Montalcini, Rosalind Franklin, Maria Mayer e Jane Goodall, que, a despeito de toda a falta de incentivo, de espaço e reconhecimento, conduziram importantes estudos para a humanidade mesmo nesse ambiente majoritariamente masculino das ciências.  Muitas delas somente tiveram suas descobertas reconhecidas depois de mortas, foram impedidas de ingressar a universidade e tiveram seus nomes excluídos de artigos científicos e premiações.

Mary Anning foi uma delas. A peça dá à homenageada o êxito que lhe foi conferido pós-morte, mostrando aos espectadores a importância de seu legado para as gerações posteriores e o reconhecimento nos meios acadêmicos de que suas descobertas constituem alguns dos achados geológicos mais essenciais para conhecermos a história da Terra.

Com muita poesia e diversão, o espetáculo fala diretamente com meninos e meninas que estão prestes a construir o futuro, incentivando-os a sonhar com novas descobertas e novos mundos de infinitas possibilidades.

Encenação

Contemplado pela seleção de projetos para o 22o Cultura Inglesa Festival 2018, o espetáculo teve sua dramaturgia criada colaborativamente pela diretora Rhena de Faria e pelas atrizes Cecília Magalhães, Julia Ianina e Thaís Medeiros. As três atrizes se revezam no papel da cientista –  ao representa-la como criança, jovem e adulta – e de outros 14 personagens. A equipe também contou com consultoria do Prof. Dr. Luiz Eduardo Anelli, do Instituto de Geociências da USP.

Os figurinos, assinados pela talentosa Mira Haar, apontam uma unidade entre os trajes vestidos pela homenageada ao longo da vida, o que confere à personagem uma identidade particular. O cenário, também criado pela diretora de arte, é minimalista ao propor um forro à caixa cênica para dar destaque à exuberância dos adereços cuidadosamente trabalhados, além de sugerir a coloração arenosa das praias e montanhas.

A iluminação de Wagner Freire é essencial na construção desse espaço cênico que representa espaços abertos (praias e penhascos) e ambientes internos (Sociedade Geológica, a casa de Mary Anning, etc). Ela também ajuda a desenhar a passagem do tempo e das estações do ano, assim como estados emocionais da protagonista.

Já a trilha sonora cinematográfica de Arthur Decloedt completa o clima de realismo fantástico do espetáculo. Ela é composta por timbres e sonoridades que evocam o maravilhoso mundo pré-histórico, aliados a melodias de piano que nos transportam para a Inglaterra do século 19.

COMPANHIA DELAS DE TEATRO

Criada em 2001, Companhia Delas de Teatro é um grupo pesquisa teatral formado apenas por atrizes que idealizam, produzem e coordenam todo o processo de criação de seus trabalhos. Com dez espetáculos em seu repertório, o grupo já trabalhou sob a direção artística de Silvana Garcia, Eric Lenate, Nelson Baskerville, Carla Candiotto, Mira Haar, Ana Roxo, Marco Antonio Rodrigues, entre outros.

Dentre seus espetáculos infantis, estão “Quase de Verdade”, baseado na obra de Clarice Lispector (Prêmio APCA 2001 de Melhor Espetáculo adaptado e Prêmio Coca-cola de Revelação pra a Companhia Delas de Teatro); “Histórias por Telefone”, a partir do livro de Giani Rodari (APCA 2011 de Melhor Espetáculo; Prêmio APCA 2011 de Melhor Direção e Prêmio Coca-Cola FEMSA 2011 de Melhor Direção para Carla Candiotto) e “A  famosa invasão dos ursos na Sicília”, inspirado no romance homônimo de Dino Buzzati (Prêmio APCA 2014 de Melhor Elenco de espetáculo infantil; Prêmio São Paulo de Melhor Figurino para Mira Haar e Melhor Cenário para Marco Lima).

Mais informações sobre o grupo e seu repertório em ciadelas.com.br

RHENA DE FARIA

Atriz-improvisadora, palhaça e diretora teatral, Rhena de Faria integrou por 13 anos o elenco do espetáculo “Jogando no Quintal – Jogo de Improvisação de Palhaços”, da Cia do Quintal. Ainda com esse grupo, atuou em “A Rainha Procura…”, dirigido por Cesar Gouvêa, espetáculo pelo qual recebeu o Prêmio Femsa de Melhor Atriz de 2013.

Ela dirigiu os espetáculos “Bagagem” (2018), solo do ator Marcio Ballas, atualmente em cartaz no teatro Eva Herz; “Relicário” (2017), com A Musa Heroica Companhia de Teatro, espetáculo contemplado pelo Prêmio Zé Renato, cumprindo temporada na Oficina Cultural Oswald de Andrade e no Teatro Sergio Cardoso; “Rompante!” (2016), espetáculo de improvisação teatral criado especialmente para o Festival Improvisorama, com a participação de convidados como Tania khalill, Jair Oliveira, Nany People e Bianca Rinaldi; “O Pavão Misterioso” (2015), espetáculo infantil circense do Grupo Namakaca, que ficou em cartaz no Teatro Alfa, no SESC Belenzinho e no SESC Bom Retiro; “Escalafobética” (2013), musical da Palhaça Rubra (Lu Lopes), apresentado em diversas unidades do SESC; e “Sobre Tomates, Tamancos e Tesouras” (2009), solo de palhaça da atriz Andrea Macera, contemplado pelo edital do SESI-SP.

SINOPSE

O espetáculo da Companhia Delas de Teatro fala sobre o universo maravilhoso da ciência e da pré-história. Dirigido por Rhena de Faria, a peça conta a história de Mary Anning, famosa paleontóloga que viveu na Inglaterra no início do século 19. De família pobre, Mary começou a trabalhar com apenas 12 anos. Ela sobreviveu a tempestades e enfrentou perigosos deslizamentos de terra para fazer grandes descobertas. Estudou anatomia dissecando répteis em sua cozinha e, assim, foi capaz de remontar o primeiro esqueleto de um ictiossauro. Sua vida reúne uma série de peripécias digna de um conto de fadas. Mas nessa fábula, a princesa é uma cientista que enfrenta os obstáculos com inteligência, coragem e determinação!

FICHA TÉCNICA

Direção: Rhena de Faria

Dramaturgia original: Rhena de Faria, Cecília Magalhães, Julia Ianina e Thaís Medeiros

Elenco: Cecília Magalhães, Julia Ianina e Thaís Medeiros

Direção de Arte: Mira Haar

Iluminação: Wagner Freire

Trilha Sonora Original: Arthur Decloedt

Consultoria em Paleontologia: Prof. Dr. Luiz Eduardo Anelli

Produção Geral: Companhia Delas de Teatro

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

 

SERVIÇO

Mary e Os Monstros Marinhos, com direção de Rhena de Faria

Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93, Pompeia

Temporada: 30 de junho a 29 de julho

Aos sábados, domingos e feriados, às 12h. Haverá sessão no dia 9. Por conta da Copa do Mundo, a peça terá as sessões dos dias 7 e 14, adiada para 13h, e a do dia 15 adiantada para 11h.

***Haverá audiodescrição e tradução em Libras – Linguagem Brasileira de Sinais nas sessões dos dias 28 e 29 de julho.

Ingressos: R$ 17 (inteira), R$ 8,50 (meia-entrada) e R$ 5 (credencial plena: trabalhador no comércio e serviços matriculado no Sesc).

Crianças até 12 anos não pagam. Vendas nas unidades do Sesc a partir do dia 20 de julho. Não haverá venda online.

Duração: 60 minutos
Capacidade: 356 lugares.

Classificação etária: Livre.

Recomendação: A partir de 6 anos.

 

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