RUBENS VELLOSO E ALVISE CAMOZZI ENROLAM UM BECKETT NO CENTRO DA TERRA

Centro da Terra dá continuidade ao projeto de Residências Artísticas, que buscam reunir novos criadores, novas maneiras de olhar à produção contemporânea e estimular mais profunda e radicalmente os interesses discursivos e estéticos dos próprios artistas residentes, gerando um ambiente particular de estímulo e liberdade, com uma nova residência na área teatral. Durante o mês de maio Rubens Velloso é o artista convidado e ao lado de Alvise Camozzi apresenta de 9 a 31 de maio, quintas e sextas-feiras, às 20h, o espetáculo ENROLANDO UM BECKETT – PEQUENOS EXERCÍCIOS PARA FRACASSAR MELHOR.

Nas apresentações os dois artistas desenvolvem, a partir de textos de Samuel Beckett, uma espécie de encenação crítica que se utiliza do abismo do autor em suas obras para apresentar a viagem do Homem Contemporâneo como forma de esgotamento. Toda a encenação se baseará nos performers entrando e saindo dos personagens, apostando, que na obra Beckettiana não se propõe a condição humana como de uma espera de algo que virá salvar, mas a possibilidade de encontrar novas saídas. Todo experimento cênico funcionará neste diálogo entre o esgotado e o que precisa nascer.

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Rubens Velloso e Alvise Camozzi preparam um espetáculo chamado Venezia Island Fast Food, onde colocam a mítica Veneza como objeto de consumo. Na evolução das apresentações, trechos desse espetáculo poderão também ser levados em cena, em plena conversa com as questões Beckettianas.

Oficina gratuita

Com aplicação de atividades expositivas, teóricas e práticas e construção de cenas, Rubens Velloso ministra a oficina Código Aberto, dentro da programação de sua Residência Artística no Centro da Terra. A oficina gratuita acontece de 6 a 29 de maio, as segundas e quartas-feiras, das 14h às 18h, e abordará, a partir da experiência dramatúrgica do Phila7, a escrita cênica das relações entre o palco e as extensões midiáticas.

Sobre os atores

Com formação e carreira marcadas pela busca e conquista de uma expressão muito pessoal, que alia linguagens das artes tão diversas como as do cinema, vídeo, artes plásticas e, principalmente, teatro, Rubens Velloso é sócio fundador do Coletivo PHILA7 e, desde então participou na direção de vários espetáculos do grupo. Em 2014 dirigiu o espetáculo Matéria Obscura, da Cia. Arte e Ciência no Palco e em 2015 participou como cenógrafo na montagem Guerra sem Batalha, da Cia. Les Commediens Tropicales. Recentemente dirigiu Código Aberto, atuou em Terreno Baldio e em 2019, convidado pelo Coletivo Labirinto, participa do Núcleo de Construção das Ações de TP. Além disso, ministra seminários sobre artes e novas mídias em várias Universidades pelo Brasil.

Já o italiano Alvise Camozzi, nascido em Veneza, atuou com a Companhia de Commedia Dell’Arte a l’Avogaria, participando de turnês na Europa e América Latina. Em São Paulo desde 2001, trabalha como diretor e ator. Em 2016, dirigiu, escreveu, e atuou no espetáculo Psicotrópico e em 2018 estreia Void, no Sesc Avenida Paulista.

Espaço de experimentação

A Residência Artística de Rubens Vellosointegra a programação de Artes Cênicas do Centro da Terra. O espaço cultural abre as portas para receber apresentações de teatro, música, dança e performance naquilo que mais lhe parece óbvio: o experimentar. Sem a busca por produtos definitivos ou meras apresentações circunstancias para cumprir temporadas, os artistas são convidados a construírem experiências cênicas e musicais, estéticas, dramatúrgicas, coreográficas, performáticas e conceituais.

As Residências propostas pelo curador de Artes Cênicas Ruy Filho propõe à cidade um espaço de convivência com a arte em suas múltiplas possibilidades de discussão e vivenciação. “Na prática, os artistas residentes trabalharão suas pesquisas pelo período de um mês nas dependências do Centro da Terra, a fim de construírem investigações e estudos criativos que poderão resultar em espetáculos ou experiências estéticas abertas ao público. O projeto também estimula os artistas para que se aproximem de seus circuitos de criação, ampliando a presença de outros artistas”, explica o curador.

Ao longo de 2019 as Residências, que já tiveram participações de Patrícia Bergantin, Márcia Nemer-Jentzsch e Fabrício Licursi,  contarão com os artistas  Ana Carolina Marinho, Cristiano Burlan, Anna Zêpa, Mirella Brandi e Muep, Antônio Haddad, Juliana França, Tom Monteiro, Thaís de Almeida Prado, Rudnei Borges e Núcleo Macabéia. Alguns experimentos realizados nos últimos dois anos também foram convidados para uma “reocupação”, trazendo de volta à programação os trabalhos que começaram suas pesquisas no Centro da Terra, dando novas oportunidades para o público assistir, como os irmãos Pedro e Diogo Granato e os artistas Helena Ignez, Djin Sganzerla e André Guerreiro Lopes.

Sobre o Centro da Terra

O Centro da Terra é um espaço cultural independente sem fins lucrativos mantido por Keren e Ricardo Karman. Inaugurado em 2001 e reformado em 2015, suas instalações abrangem um teatro com palco italiano, um ateliê, uma praça de convivência com um café, um terraço e salas multiuso. O teatro situa-se doze metros abaixo da superfície terrestre e foi aberto, após dez anos de obras e escavações no quarto e quinto subsolos de um edifício, no bairro de Perdizes, na capital paulista. Seu nome vem da sua localização subterrânea e é, também, uma homenagem ao espetáculo Viagem ao Centro da Terra realizado, em 1992, pela Kompanhia do Centro da Terra.

A programação é dirigida a todos os públicos, focada em produções, apresentações e ações de formação em Música, Artes Cênicas e Visuais que priorizem a linguagem contemporânea, e que dialoguem com a pesquisa da Kompanhia do Centro da Terra. A escolha da programação é feita por uma equipe de curadores que, a partir de suas pesquisas autorais, trazem para o Centro da Terra trabalhos experimentais de artistas emergentes e/ou consagrados, lançamentos, remontagens, temporadas pós estreia e projetos especiais. O local também abriga a escola de Arte Grão do Centro da Terra, que desenvolve um curso livre em que crianças e adolescentes participam de experiências nas diversas linguagens artísticas e que tem como fundamento a liberdade de criação, a ludicidade e a participação coletiva em percursos singulares. Atualmente o espaço conta com o Edital de Apoio aos Espaços Independentes da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Para roteiro:

ENROLANDO UM BECKETT – PEQUENOS EXERCÍCIOS PARA FRACASSAR MELHOR

Com Rubens Velloso e Alvise Camozzi.

Apresentações de 9 a 31 de maio, quinta e sexta-feira, às 20 horas, no Centro da Terra.

Curadoria – Ruy Filho.  Ingressos – Ingresso consciente (o público, consciente do trabalho envolvido para realização do espetáculo, e do valor que ele dá para vivenciar esta experiência, escolhe quanto acha adequado pagar pelo seu ingresso, de acordo com sua condição financeira) a venda pelo site https://www.sympla.com.br/centrodaterra.

Oficina Código Aberto – de 6 a 29 de maio, segundas e quartas-feiras, das 14h às 18h. 20 vagas. Público alvo – artistas, professores e interessados em arte e dramaturgia. Inscrições – gratuitas (encaminhar e-mail com nome completo, telefone, mini currículo e carta de interesse para producao@centrodaterra.org.br).

Café do Centro da Terra – De segunda a sexta-feira, das 12h até o início do espetáculo.

CENTRO DA TERRA – Rua Piracuama, 19 – Perdizes. Telefone – (11) 3675-1595. Capacidade – 100 lugares. www.centrodaterra.org.br.

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