Depois de arrebatar público e crítica, Agosto reestreia em curta temporada de 30/8 a 29/9 no Teatro Porto Seguro

Obra do americano Tracy Letts, vencedora do Pulitzer de melhor drama e Tony de melhor texto, que inspirou também o filmeÁlbum de Família, com Meryl Streep e Julia Roberts, exibido no Brasil, em 2013, a peça Agosto reestreia para curta temporada,de 30 de agosto a 29 de setembro, com sessões de sexta a domingo, no Teatro Porto Seguro. A montagem brasileira é vencedora dos prêmios Cesgranrio de Melhor atriz para Guida Vianna e APTR de melhor atriz para Guida Vianna e Leticia Isnard e de melhor ator coadjuvante para Claudio Mendes e foi idealizada pela produtora Maria Siman.

Trata-se de contundente e emocionante história sobre conflitos familiares, uma peça sobre o inconfessável, sobre o que fica entalado na garganta e sufoca. A história de uma família desconectada, desfeita, cujos membros insistiram na união o quanto puderam, da forma que puderam, mas que chegam finalmente ao limite da desistência. Apesar de se tratar de um texto denso, forte, há certa descontração na peça, uma divertida recusa em levar-se demasiado a sério, uma tendência a nos passar “rasteiras” cômicas justamente nos momentos em que achamos que não há mais espaço para o riso. Com adaptação e direção de André Paes Leme, o elenco é composto por Guida Vianna, Letícia Isnard, Alexandre Dantas, Claudia Ventura, Claudio Mendes, Eliane Costa, Guilherme Siman, Isaac Bernat, Julia Schaeffer, Lorena Comparato, Marianna Mac Niven e Isabella Dionísio que reveza com Lorena no papel de Jean. A peça é uma realização da Primeira Página Produções e Sarau Agência de Cultura com idealização de Maria Siman. Ainda que o autor americano Tracy Letts tenha construído todos os personagens da peça com complexidade e relevância para a trama, Violet (Guida Vianna) e Bárbara (Letícia Isnard ) são as suas protagonistas.

“Violet é uma mulher que vive numa situação limite, literal e metaforicamente falando. Literal porque faz quimioterapia para um câncer de boca e talvez sua morte esteja anunciada. Metaforicamente, porque sua família está se desmantelando: o marido sumiu, as filhas só esperam o funeral para partir e a ela só restará permanecer sozinha aos cuidados de uma empregada que ela não conhece. Bárbara é a filha preferida porque Violet a julga a mais inteligente e a mais parecida com ela.

Os temperamentos parecidos levam as duas a embates frequentes. Violet guarda profunda mágoa de Bárbara porque ela não voltou pra casa quando soube do seu câncer, mas voltou quando o pai desapareceu. A peça conta uma história familiar na extensão de seus conflitos e de seus afetos. “E essa família pode servir como espelho reflexivo para qualquer indivíduo,” afirma Guida Vianna.

Também vencedora do Prêmio APTR, como atriz coadjuvante, Letícia Isnard defende a ideia de que “Bárbara é uma mulher forte, que está num momento de total desestabilização. Seu casamento está ruindo, vive em crescente conflito com a filha adolescente, está a muito afastada das irmãs, do pai e bate de frente com sua mãe, Violet. Ela luta para não ter o mesmo destino da mãe: a solidão, consequente de uma personalidade forte, acachapante e agressiva. A tendência de Bárbara é ficar igualzinha a Violet. E romper com esse ciclo de infelicidade e violência é também um ato de amor”. A montagem do diretor André Paes Lemedivide o palco nos cômodos da casa em que se passa a história, o que exige uma visão ativa do espectador. “A ação passeia por todos os espaços e a proposta do autor é que o público possa ver simultaneamente todos os ambientes. Na nossa concepção, as cenas são sobrepostas: a personagem que está num determinado ambiente estará exatamente ao lado de outra que ocupa outra área da casa. Gradativamente, as diferentes cenas vão convivendo no palco.”

“Priorizei as situações de conflito e busquei não valorizar ao detalhe a construção do ambiente de cada cena”, explica. “Interessa a mim a complexidade das relações familiares, a intensidade com que depositamos no núcleo familiar tanto um amor inquestionável como também despejamos as angústias e inseguranças das nossas vidas”, diz o diretor. “Textos como esse revelam o quanto imprevisível é o comportamento humano.”

Se o destino das personagens é inevitavelmente trágico, isso não faz de Agosto uma tragédia. Tracy Letts usa recursos do melodrama, da comédia de costumes, das sitcoms da televisão norte-americana e do vaudeville, mantendo a unidade formal, a coerência interna e estética da sua obra. Tracy Letts é um dos mais importantes autores do teatro contemporâneo dos EUA. Nascido em Tulsa, Oklahoma, é um dos mais importantes autores norte-americanos vivos. Vencedor dos prêmios Pulitzer na categoria Melhor Drama e Tony na categoria Melhor Texto, August: Osage County estreou em Chicago em 2007, na montagem do Steppenwolf Theatre Company (companhia a que pertence Letts), encenada depois em Nova York e Londres, entre outras cidades e países.

Em 2013, a obra inspirou o filme Álbum de Família protagonizado por Meryl Streep e Julia Roberts, além de Ewan McGregor, Juliette Lewis, Sam Shepard e Benedict Cumberbatch. E agora tem sua primeira montagem no Brasil pelas mãos da produtora Maria Siman, da Primeira Página Produções, em parceria com Andrea Alves e Sarau Agência de Cultura Brasileira. Responsável pela produção de importantes espetáculos como Ensina-me a ViverO Pequeno PríncipeO Grande Circo MísticoIncêndios Maria do Caritó, Maria Siman adquiriu os direitos do texto teatral para montagem no Brasil após assistir ao filme Álbum de Família. “Percebi que se tratava de dramaturgia adaptada para o cinema e parti em busca dos direitos de montagem da peça no Brasil”, lembra.

Sobre Guida Vianna Formada em Comunicação Social pela PUC Rio, Guida Vianna estudou teatro no curso do Tablado entre 1971 e 1975, onde desde 1980 leciona improvisação teatral, tendo dirigido mais de 20 peças com seus alunos. Foi redatora da revista Cadernos de Teatro durante 15 anos. Atuou em seis novelas, quatro miniséries e sete filmes. Atriz, diretora e produtora, Guida Vianna foi indicada quatro vezes ao prêmio de melhor atriz, ganhando o Prêmio Shell em 2004 e o Prêmio Qualidade Brasil 2006. Já participou de mais de 30 espetáculos teatrais. Além dos trabalhos de grupo (a sua formação), já representou vários autores importantes: Brecht, Arrabal, Shakespeare, Albee, Beckett, Pinter, Tennessee Williams, Schnitzler, Sheridam, Visniec. Interpretou Hamm, de Samuel Beckett, em Fim de Jogo, personagem associado a grandes atores. Atualmente integrou o elenco da série infantil Valentins, do canal Gloob, como a vovó Reggy e participou da novela O Sétimo Guardião.

Ficha Técnica

Texto: Tracy Letts. Tradução: Guilherme Siman. Direção e Adaptação: André Paes Leme. Elenco/personagens: Guida Vianna (Violet Weston), Letícia Isnard (Barbaraordhan), Alexandre Dantas (Steve Heidebrecht),  Claudia Ventura (Karen Weston), Cláudio Mendess (Charlie Aiken), Eliane Costa (Mattie FaeAiken), Guilherme Guilherme Siman (Charles Júnior), Isaac Bernat (Beverly Weston/Bill Fordham), Julia Schaeffer (Johnna Monevata),Lorena Comparato (Jean Fordham),  Marianna MacNiven (Ivy Weston).Diretor Assistente: Anderson Aragón. Cenografia: Carlos Alberto Nunes. Figurino: Patrícia Muniz.Iluminação: Renato Machado. Música: Ricco Viana.Diretor Assistente: Anderson Aragón. Cenografia: Carlos Alberto Nunes.Figurino: Patrícia Muniz. Iluminação: Renato Machado. Música: Ricco Viana. Projeto Gráfico: Mais Programação Visual.Fotografia: Silvana Marques. Assessoria de Imprensa: ArtePlural. Produção Executiva: Felipe Valle. Direção de Produção: Andrea Alves Maria Siman. Idealização e Coordenação Geral: Maria Siman. Realização: Primeira Página Produções.

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