Com direção de Vinícius Santana, TRANSCISTADA – Quantas identidades cabem em mim? estreia na Fábrica de Cultura do Capão Redondo

Quantas identidades cabem em mim? Essa é a provocação e o impulso inicial para a criação da performance multimídia Transcistada, que abarca a diversidade ao falar da intersecção entre várias formas opressão, que incluem gênero, raça, forma e classe social. O espetáculo tem duas apresentações gratuitas na Fábrica de Cultura do Capão Redondo, nos 7 e 8 de dezembro.

O coletivo une experiências individuais para levar para a cena discussões acerca dos corpos periféricos, corpos queers e aqueles que rompem as fronteiras de gênero e de padrões sociais, residentes geralmente em contextos de alto grau de violência e que trazem nas diferenças uma forma potente de (r)existência.

Durante a performance o público é convidado a entrar em uma grande caixa preta, imergindo no universo de Transcistada. A música inspirada nas práticas de meditação oriental conduz o espectador por diferentes ambientes habitados por corpos que narram através da dança e das projeções de vídeo um pouco de suas histórias. O objetivo é trazer a urgência de discussões sobre empatia, humanização do olhar e a inclusão para manter-se viva quando se é o alvo de investidas de extermínio no contexto urbano periférico.

O trabalho inicia com Manifesto Transcistada, no qual a performer Jup do Bairro (parceira da rapper Linn da Quebrada em shows pelo Brasil e pela Europa) se coloca como um corpo negro, gordo e travesti. Em outro momento, Carolina Santos, uma jovem mulher cis e negra, pinta uma grande tela em branco com seu cabelo afro, enquanto são projetados poemas e imagens de mulheres ícones históricos do feminismo negro, que foram silenciadas.

Kitty O’Reis, que se coloca como um corpo em transição, imprime marcas de seu corpo banhado por tinta em um grande tecido branco estendido no chão, deixando marcas em uma superfície antisséptica. E Alef Carvalho, homem cis, gordo e nordestino, usa da massa da tapioca para cozinhar e para criar a tinta que o banha ao mesmo tempo que o alimenta, assim como corpos fit urbanos.

O processo criativo contou com a colaboração e provocação cênica da atriz e diretora trans Renata Carvalho (O evangelho segundo Jesus – Rainha do céu). Os temas foram debatidos a partir de relatos pessoais e de estudos bibliográficos de personalidades importantes nas lutas de igualdade em direitos e deveres civis e sociais.

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA

Além da performance, será montada a exposição fotográfica (R)existências, assinada por Bianca Ursini, com registros do processo de criação, da montagem da performance e das pesquisas de maquiagens realizadas pelo grupo. A abertura da exposição acontece junto com a estreia da performance, no dia 7 de dezembro, às 19h, e a mostra tem visitação até 6 de janeiro de 2019, na Fábrica de Cultura do Capão Redondo.

SOBRE VINÍCUS SANTANA –  DIRETOR

Vinícius Santana é diretor e performer cênico, atuando no teatro, na dança e na performance há dez anos. Graduado em artes cênicas pela Universidade de Brasília – UnB, fez parte da tradicional cia de teatro Esquadrão da Vida, com a qual participou da concepção dos espetáculos A Guerrilha do Bom Humor, e O filhote do filhote de elefante, de Bertolt Brecht. Integrou a Anti Status Quo cia de dança contemporânea, dançando os trabalhos Cidade em Plano e De carne e concreto – Uma instalação coreográfica, da qual também é coautor. Como figurinista, assinou o design de aparência do espetáculo Elogio ao Rato, pelas Fábricas de Cultura.

Há cinco anos Vinícius desenvolve pesquisa sobre o universo queer e sobre a criação cênica que discuta identidades de gênero e sexualidade. Criador da drag queen Mackaylla Maria, protagonizou o filme Andarilhas, para o Canal Futura e Globo Universidade, circulando por mais de 30 festivais e mostras. Idealizou o espetáculo A codorna pneumática – Um solo melancólico de uma drag feliz, sob direção de André Abujamra. Como Mackaylla, circula pelo Sesc São Paulo com o espetáculo de dança/performance Bollywood Clown, dirigido por Thiago Amaral, enquanto dirige Transcistada – Quantas identidades cabem em mim?.

SINOPSE

Inspirada no universo queer e no que é considerado abjeto, corpo rejeitado, a performance multimídia Transcistada propõe um diálogo entre linguagens artísticas, como a dança, as artes plásticas e a fotografia, para abordar questionamentos sobre identidades a partir da realidade do corpo periférico.

Em cena, temas que se mostram urgentes para discutir a intersecção entre as diversas formas de opressão sobre estes corpos ao longo da história: o corpo negro, o corpo trans e o corpo gordo. Utilizando tintas criadas a partir de matérias-primas naturais como polvilho, cúrcuma, cacau, as performers exploram espaços em seus próprios corpos para pintar suas histórias, em um convite provocativo ao espectador para uma reflexão poética e sensível acerca dessas realidades permeadas cotidianamente pela violência urbana.

FICHA TÉCNICA

Direção: Vinícius Santana

Produção: Canzuá Cultural e Vinícius Santana

Performers: Carolina Santos, Kitty O’Reis, Mackaylla Maria, Alef Carvalho e Jup do Bairro

Colaboração de pesquisa: Renata Carvalho

Maquiagem: o grupo

Cenário e desenho de luz: Daniel Roque

Figurino: Rafaelly Godoy

Projeções: Vinícius Santana e Cezar Renzi

Design Gráfico: Cezar Renzi

Fotografia: Bianca Ursini

SERVIÇO

Transcistada – Quantas identidades cabem em mim?

Fábrica de Cultura do Capão Redondo – Sala Multiuso – Rua Bacia de São Francisco, s/n – Conj. Hab. Jardim São Bento

Temporada: dias 7 e 8 de dezembro, às 19h; e dia 9, às 18h

Ingressos: Grátis

Duração: 60 minutos

Gênero: performance

Classificação: 14 anos

 

Exposição fotográfica (R)existências

Abertura: dia 7 de dezembro, às 17h

Visitação: até 6 de janeiro de 2019, de terça a sexta, das 9h às 20h.

Local: Fábrica de Cultura do Capão Redondo. Segundo andar

Grátis

Apoio: Fábricas de Cultura / POIESIS. Este projeto é patrocinado pelo Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais do Município de São Paulo – VAI.

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